Tolerância é uma palavra em moda, principalmente nesses
tempos de terrorismo. Eu, particularmente, não gosto muito dela, devia-se
inventar outro termo para representar a pacífica convivência entre os “diferentes”.
Ela é bem empregada quando se diz: tolerei
a agonia de uma cadeira espanhola e não confessei nenhuma das injúrias de que
fui acusado ou tolerei a humilhação
de portar a estrela tanto em Bagdá quanto na Alemanha Nazista ou tolerei a anexação da
Cisjordânia. Conviver entre os “diferentes” não deveria ser
uma prova de bravura. Daquele que suporta a dor. Não é possível tolerar a dor
indefinidamente, afinal somos humanos e resistir não é exatamente o nosso
forte. Conviver com o “diferente” deveria ser encarado com estoicismo, algo
assim: ele é diferente e por isso me
desagrada, mas esse sentimento “destrutivo” pode ser um erro de julgamento.
Acho que o caminho é por aí, a reflexão filosófica. Não a religiosa. A religião
só divide. Nada de achar que o outro é infiel. O infiel merece a morte tanto no
Corão 4,95 - 101 quanto em Deuteronômio 13,12 - 16. O ideal seria ouvir mais imagine de John Lennon, mas a gente sabe
que não é tão simples assim. Outro dia, aqui no face book, um de meus amigos, certamente
movido pela melhor das intenções e comentando um crime hediondo, disse: isso é coisa de quem não tem Deus no coração.
O que ele quis dizer? Que os ateus são assassinos? É por isso que eu digo que
essa palavra, tolerância, não serve, é preciso inventar outra, mais doce, senão
continuamos assim: intolerantes com a
melhor das intenções.
Um comentário:
"Alteridade", Nivaldo, é uma bela palavra e que comporta a necessidade de se ver o mundo através dos olhos do outro, ao menos consiste, e você tocou nesse ponto, em ter uma atitude reflexiva da condição desse outro.
Um ponto a se considerar - e aqui eu trato a questão de maneira mais ampla - é a diferença cultural. Explico: cotejar culturas não parte de um atitude válida, visto que, se estas culturas são constituídas de valores completamente distintos, é como usar dois pesos e duas medidas.
Considerando sua linha de raciocínio, eu penso: não se deve ensinar "tolerância", mas igualdade, pois não somos diferentes e a ciência já provou isso, as diferenciações aceitas com o respaldo da antropologia atual e da ciência em geral, dizem respeito a aspectos étnicos-culturais, dentro dos quais não cabem comparações.
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