22 fevereiro 2010

males da província

Gostar de boa literatura ou de bons filmes – a música nem tanto – é um sentimento que numa cidade como a nossa quase não temos com quem compartilhar. Sofremos uma espécie de mal que é comum na província. Padecemos de uma atroz mediocridade. Parece que as limitadas dimensões geográficas do lugar (da província) de algum modo influenciam nossa visão de mundo e nossos gostos, mesmo nesses tempos de internet e outras possibilidades de se ir além da linha do bojador. Não se vê ninguém discutindo um bom livro ou um bom filme. Na maioria dos casos, o comentário feito por algum “luminar” recai sempre sobre obras de auto-ajuda ou o novo filme de Hollywood. O luminar de que eu falo não é ninguém saído do povo, mas da classe média. O que é pior. Há exceções, sem dúvida nenhuma, mas a maioria dos profissionais liberais como médicos, advogados ou professores, além de jornalistas, empresários ou funcionários públicos viventes da província levam muito a sério esse negócio de ser provinciano e se limitam a um gosto médio de consumo tão medíocre que faz parecer patético – embora bem intencionado – nosso adjetivo mais antigo de Suíça Pernambucana. Além da altitude e do clima frio o que tem nossa cidade diferente de uma província?