20 janeiro 2010

história do pranto

Ainda na praia, eu li um cara que tem dado o que falar desde 2003, quando publicou O Passado, livro que virou filme dirigido por Hector Babenco. História do Pranto só tem 85 páginas, é uma novela e nos revela outros pormenores da história da esquerda na Argentina dos anos 1970. Os fatos não são narrados como registro jornalístico, Alan Pauls – é o nome do escritor – vai na contramão da literatura à lá Truman Capote. Ricardo Piglia, no prefácio, diz que o autor da História do Pranto é uma espécie de escritor em extinção porque valoriza o estilo – um exemplo entre nós seria Machado de Assis e Guimarães Rosa, de fato escritores em extinção. Numa entrevista à Bravo, Alan Pauls conta que o livro é uma resposta ou reação contra aqueles, na Argentina, que exercem uma espécie de monopólio da história e acham que só quem viveu aquele tempo – da ditadura – é que tem o direito de falar dele. Outro aspecto do livro é a tentativa de desmistificar a cultura da vitimização. Pauls é de opinião que os argentinos acreditam que ser vítima é ser intenso. Algo que também permeia o universo do tango.

O livro não exige o uso de dicionários e, portanto não está desqualificado para ser lido na praia, mas exige alguma atenção do leitor que às vezes percorre uma página inteira e não sai de dentro da mesma frase. São as frases-droga, como chama o autor, que tem a função de arrastar o leitor e narcotizá-lo.

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