Foi anunciado que em
setembro deste ano o FLIG, festival de literatura de Garanhuns, vai
ressuscitar. O evento teve três edições, nas ocasiões, realizado pela Academia
de Letras de Garanhuns, APL e UBE. João
Marques, o presidente da Academia e a Prefeitura de Garanhuns estão somando esforços
para realizar o milagre de trazer o morto à vida. Isso é bom, e acontece num
momento favorável quando a produção literária local chama a atenção da capital.
E melhor ainda será se os organizadores do evento aprenderam com a experiência.
A morte do festival
foi anunciada em sua primeira edição, e eu fui o chato que chamou a atenção de
todos para o fato. O formato do evento não agradou, trazia o selo de validade
vencido, acontecia no palco do teatro, a uma distância enorme do público, havia
uma mesa muito parecida com aquela em que Cristo comeu seu triste e último
desjejum, era ali onde se estreitava o escritor, exprimido por um tal
presidente da mesa e um tal relator, dois Judas de imobilidade e serventia. Além
da falta de apoio, foi a pompa e formalidade o outro vilão que ultimou o evento
na sua terceira edição. Não funciona assim, é preciso mudar, a Academia tem sua
ritualística, seu ritmo que de jeito nenhum deve imprimir ao festival, este
obedece a outra lógica, ambiciona outro público além da homogenia audiência dos
acadêmicos, e como ninguém é obrigado a comparecer, o festival deve se atrever
a acreditar que os jovens possam se interessar por uma conversa de escritores.
Outra coisa
importante é evitar a segregação. Isso mesmo. Não existe esse negócio de
literatura de Pernambuco ou de Garanhuns ou de Nova Iorque. Existe literatura
boa e literatura que não presta. Quando se faz um evento para mostrar a
literatura de Pernambuco, quando essa é a justificativa do evento, acaba se
prestando um desserviço ao escritor. É como se por trás disso houvesse uma
lógica fascista que dita uma regra: de um lado a literatura e do outro a
literatura de Pernambuco. O evento deve convidar bons escritores, escritores
jovens, escritores daqui e escritores já maduros com obras publicadas por
grandes selos e distribuídas no Brasil. Vamos conversar, convidar críticos literários para mediar as mesas e discutir crítica literária, vamos fazer bonito e chamar a atenção de todos para um
evento enxuto, sem provincianismo.
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