15 setembro 2009

quem já leu Francisco de Morais Mendes?

A primeira vez que ouvi falar de Francisco de Morais Mendes, foi na Livraria Cultura, durante o último festival de literatura do Recife. Fernando Monteiro dividia a mesa com Rogério Pereira, editor do Rascunho, e entre uma coisa e outra aquilo de que mais me lembro foram as reclamações de Fernando sobre o desinteresse das editoras do Brasil em editar literatura de boa qualidade e o nível de ignorância dos leitores.

Quem já leu Francisco de Morais Mendes? No meio das várias pessoas emudecidas lá estava eu. Fiquei curioso e comprei pela internet o livro de contos, segundo Fernando Monteiro, uma das melhores coisas já editadas no Brasil. Mas não foi fácil. Não encontrei no site da Cultura nem em qualquer outra livraria. Não constava no catálogo nem como esgotado. E depois de procurar com a ajuda de Helder, encontrei num sebo de São Paulo. A edição, em bom estado, de 2003, custou-me cinco reais e a razão porque não encontrei nas livrarias eu entendi logo que o livro me foi entregue pelo correio. A editora do livro, ciência do acidente, é pequena, talvez nem exista mais e seu poder de distribuição do livro parece que não ultrapassou os limites da região sudeste.

a razão selvagem é composto de sete contos, sendo dois deles, a crítica da razão selvagem e um diário para SD, os mais volumosos, trinta páginas mais ou menos.

Nos sete contos o autor nos apresenta uma galeria de personagens marcadas por uma espécie de auto-exílio. São incapazes de se comunicar. Incapazes de se relacionar e sofrem de alguma compulsão ou obsessão que expressam seu mal estar e deslocamento do mundo. Esse aspecto de paranóia, entretanto, tão comum em alguns escritores americanos como Pynchon, DeLillo e Paul Auster com quem Francisco Mendes certamente dialoga, não foi o que mais me chamou a atenção em a razão selvagem, mas a maneira como as histórias se estruturam, partindo de um núcleo central e nos levando não a situações incomuns como faz Cortázar, mas aos desdobramentos de situações comuns.

Aspereza e densidade são dois adjetivos que cabem muito bem para classificar a prosa desse mineiro que faz uma literatura na contramão de livros fáceis e campeões de vendas que tanto agradam aos leitores medianos e irritam o Fernando Monteiro.

3 comentários:

Wagner disse...

Nivaldo, eu não li. Mas vou ler. Movido pela curiosidade que você me despertou, igualmente, a você, pedi o livro pela ESTANTE VIRTUAL. Semana que vem o livro Razão Selvagem chegará às minhas mãos. Lerei. Depois vou vim aqui dizer: eu li Francisco de Morais Mendes!

abraço.

Anônimo disse...

ele é o meu pai
gabi

Anônimo disse...

ELE É MEU IRMÃO. CHICO COMEÇOU A ESCREVER EM NOSSA MODESTA CASA NA FLORESTA EM BH. DIVIDIMOS O MESMO QUARTO, MAIORIA DAS VEZES BAGUNÇADO, PUTZ ERA UM "BELICHE" NOSSA CAMA. EU DORMIA EM CIMA E ELE NA CAMA DE BAIXO, LOCAL QUE ESCREVIA SEUS POEMAS E QUARDAVA NA GAVETA DA COMODA. GAVETA LOTADA DE PAPEIS, BONS TEMPOS. SAUDADES!!! BEIJO - TONINHO