23 agosto 2009

a festa acabou

Dizem que o festival de literatura de Garanhuns não vai acontecer e dizem também que não vai porque a prefeitura se negou a ajudar como fez nos anos anteriores. Agora em setembro seria a quarta edição, aliás, um mês infeliz, propício para desfile das tropas militares e dos alunos das escolas públicas, todos bonitinhos em uniformes e marchando ao mesmo passo.

As rádios anunciaram todos os dias, não sei se porque o fim do festival deixou a todos sensibilizados ou porque – mais crível – os críticos do prefeito estão vendo aí uma boa oportunidade para alardear suas críticas. Talvez a prefeitura tenha se recusado mesmo a ajudar, talvez não tenha dinheiro ou talvez o dinheiro – se havia mesmo uma verba – foi destinado para outro fim. Qual? Não sei. O certo, porém, é que não houve ainda nenhum pronunciamento por parte da secretaria de cultura, o que não é bom, por certo. Mas o fim do festival foi algo anunciado pelo próprio festival; seu formato equivocado e a influencia da Academia de Letras. Não me surpreende e acho mesmo que a prefeitura aparece como bode expiatório, responsabilizada pelo não acontecimento de um festival que já estava esgotado na sua primeira edição.

A não realização do festival é seu atestado de fracasso. Depois de três anos não criou possibilidades para sustentar-se a si mesmo. A prefeitura devia ser apenas uma parceira, só isso, não a responsável. A academia fez questão de registrar o festival em cartório, como quem diz: esse é meu e ninguém tasca. Registrou o evento e não criou condições para sua independência. Independência? Qual nada! Cadê a Academia de Letras de Pernambuco? Por que não ajuda? E a UBE e a Academia de Artes e Letras do Nordeste? Cadê todo mundo? Deixaram o João sozinho. João é o José do poema de Drummond. Sozinho no escuro.

Uma coisa ao menos nisso tudo ficou claro. Pelo menos pra mim. O festival de literatura de Garanhuns não é nem nunca foi um evento promovido pelas academias, e sim pela prefeitura. Todos os equívocos do festival, esses sim, são de inteira responsabilidade das academias, bem como sua morte.

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