15 maio 2013

fazer o quê?


Mesmo escritores importantes e homens comprometidos com seu tempo são capazes de ficar absolutamente cegos pela ideologia – um facho de luz que lhes atira do cavalo no chão de fé e dogmatismo. E nem os ateus são imunes, também eles são capazes de transcendência.  É o caso de muitos escritores da América Latina, alguns entre eles clássicos, como Gabriel Garcia Marques, que nunca questionou o fato de alguém se perpetuar no poder, como Fidel. Isso é ditadura e ditadura não é boa, seja ela de esquerda ou direita. Uma vez, na fliporto, ouvi o Galeano falar de Hugo Chavez, e parecia que ele estava falando do mais inocente e meigo de todos os homens. Inocente? Tudo bem que ele se transformou em pomba, quando morreu, mas tenho a mesma impressão de Alberto Caeiro sobre as pombas, são estúpidas e feias. Mas não julgo um bom escritor só porque ele sofre de improbidade intelectual. Que ele seja partidário ou sectário de uma seita religiosa, daquelas bem anacrônicas que ainda supõe sem máculas o hímen de Maria, tudo bem, desde que  faça literatura e não panfleto. O caso mais extremo talvez seja Ferdinand Celine, o cara era colaborador nazista, mas escreveu Viagem ao fim da noite, fazer o quê?

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