Desde quarta feira que tento resolver uma pendência com o Banco Real. Desde quarta e ainda não consegui. O problema é simples: O Banco descontou sem aviso prévio a bagatela de 700 reais da minha conta. Não entendi e como sou desorganizado imaginei que alguma coisa me escapara, talvez um cheque que não anotei ou uma compra irresponsável – que tratei de esquecer – usando o Visa Elétron. Mas não foi nada disso, e tudo se esclareceu: O Banco descontou quatro parcelas de um empréstimo que eu – honrado que sou – já havia quitado como manda um bom acordo entre cavalheiros. Desde então venho tentando resolver o entrave que cada vez mais ganha contornos kafkianos.
No primeiro dia peguei uma ficha de atendimento número 49 e fiquei deveras desolado quando comparei com o número na placa luminosa. Faltavam duas horas para se encerrar o expediente bancário e eu tinha 44 pessoas na minha frente. No segundo dia a ficha trazia o número 52 e as coisas só pioraram já que sexta feira o número pulou para 58. Hoje, segunda feira, fiquei quase feliz fitando um simpático 55.
Quando fui informado que o sistema saiu do ar – durante quatro dias consecutivos o destino nunca foi tão repetitivo – faltavam dez minutos para as cinco horas e nisso tudo intui uma simbologia dos números. A moça me deu uma ficha de número 6 e foi a primeira vez que peguei um número contendo apenas um dígito. Naquele meio tempo achei que só existissem dezenas. Amanhã estarei lá com minha ficha número 6. Na numerologia o seis significa liberdade. Não ambiciono outra coisa, finalmente estar livre do pesadelo de Kafka e reembolsado dos meus 700 reais.
2 comentários:
Os bancos, o governo, os operadores do direito que vivem da morosidade da justiça, alguém já falou, são os filhos de Kafka, órfãos nessa vida sem sentido...
Muito bacana o texto,parabéns
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