João 18-38
Então surge o desmistificador.
Pedro Miranda ouve o relato quando passava por ali. É uma noite sem lua e o visitante não se intimida, reconhece que o santo na verdade é um assassino covarde, o Domísio Justo, a quem ele deu três tiros, vingando a morte de sua irmã. Alguém o adverte do perigo de suas palavras, há uma mulher desafiadora. Deixem-no falar. Ele conta tudo, é essa a verdade. O que é a verdade, pergunta alguém escondido no escuro.
A partir daí os ânimos se acalmam e todos são convidados a dormir e descansar. Durante a noite, aqueles que se julgam discípulos do santo vão se reunir e tramar. É preciso defender a “verdade” com métodos mesmo contrários aos princípios. Um dever maior os convida ao sacrifício, mesmo que com aquele ato – o do assassinato – estejam condenando suas almas. Os mentirosos agora acreditam na própria mentira e estão dispostos a tudo para defendê-la.
Não é uma história folclórica que conserva os registros da vida de uma gente e sua região, mas a história do homem no capítulo religião. Nota-se que o título do livro está justificado. Ronaldo também é dono de uma escrita elegante e precisa. Um texto na melhor tradição de Flaubert, do escritor incansável em procurar a palavra exata.
2 comentários:
Gostei muito do estilo. Como a gente acha esse livro? (para comprar, roubar ou tomar emprestado)
Este conto, juntamento com Faca (o conto, não o livro), teve seus direitos adquiridos pela Rede Globo; poderá virar, em breve, uma minissérie.
É pena que o autor deste blog - que a julgar pela ausência de postagem deve ter falecido - não está mais aqui pra ver....
Deixa de preguiça, Nivaldo.
Valeu, Mário.
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