tag:blogger.com,1999:blog-7036065967368859423.post2272456806425648409..comments2023-05-25T04:14:44.474-07:00Comments on viagem ao fim da noite: Junichiro não é MachadoNivaldo Tenóriohttp://www.blogger.com/profile/04695519887564115664noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-7036065967368859423.post-48603689658849290082009-06-23T07:52:55.703-07:002009-06-23T07:52:55.703-07:00Eu sou o filho da noite medieval e da noite nova-i...Eu sou o filho da noite medieval e da noite nova-iorquina. Uma ponte lançada entre dois abismos. Talvez um começo assim, pensa o homem de finos óculos com armação dourada, ou talvez não...<br /><br />Atravessou o bulevar de Rochechouart.<br /><br />Fazia pouco que a neve começara a cair. Ela salpicava a noite com uma infinidade de pontos brancos que desciam rodopiando. Mas em nenhum momento ele pensou em abrir o guarda-chuva ou erguer a gola do casaco. Aquele começo o perseguia. Tudo dependia do incipit. Se o leitor não fosse fisgado desde as primeiras linhas, tudo estaria perdido, ele fechava o livro e ia atrás de outro. Essa idéia o desnorteou. Mas era evidente: as prateleiras das livrarias estão abarrotadas de livros. Há entre eles uma guerra desencadeada a golpes de incipit. Primeiras linhas contra primeiras linhas. Desde o começo, em duas frases incisivas, percucientes e corrosivas, deve-se pegar o leitor com uma bela ação, criar uma atmosfera, envolvê-lo com algumas personagens e deixá-lo morrendo de vontade de saber o que vem depois.<br /><br />A batalha, geralmente, se ganha com duas frases...<br /><br />(Jean-Pierre Gattégno, "Um lugar entre os vivos")<br /><br />OU SEJA: os bons escritores são "malas", eles pensam em tudo. Tudo. E nada é gratuito. É tudo uma grande equação; e o problema e a solução são nossos.Máriohttp://aestantedemario.blogspot.comnoreply@blogger.com